O que esperar do mercado de milho?
As cotações do milho, em Chicago, oscilaram levemente durante a semana e acabaram fechando a quinta-feira (24) não muito distante do fechamento de uma semana atrás. Assim, o bushel do cereal ficou em US$ 4,72 no dia 24/08, contra US$ 4,73 uma semana antes, considerando o primeiro mês cotado.
A colheita dos EUA se aproxima e os indicadores da qualidade das lavouras continuam melhores do que o registrado no ano passado, mesmo com o percentual de lavouras entre boas a excelentes ter sido reduzido, no relatório do dia 21/08, de 59% para 58%. No ano passado, este percentual era de 55% nesta data. Por outro lado, 4% das lavouras estão na fase de maturação, ficando dentro da média histórica.
Em paralelo, os embarques de milho por parte dos EUA, na semana encerrada em 17/08, somaram 482.526 toneladas, levando o volume total, até o momento no atual ano comercial, para 36,2 milhões de toneladas, contra mais de 53 milhões no mesmo período do ano anterior.
Já na Argentina, a expectativa é de que se plante 7,3 milhões de hectares de milho em 2023/24. O plantio da nova safra argentina deverá iniciar em setembro. Em se confirmando esta área, a mesma será 2,8% superior a do ano passado. Diante da possibilidade de um clima mais favorável, devido ao fenômeno El Niño, a Argentina espera colher, neste próximo ano comercial, um total de 56 milhões de toneladas do cereal (alertando que a Bolsa de Cereais de Rosário espera uma área com milho bem maior, ao redor de 8,5 milhões de hectares).
E no Brasil, os preços continuam estáveis, porém, com viés de baixa, apesar de uma pequena reação nesta semana. A mesma ocorre, apesar do avanço da colheita de uma safrinha recorde, devido ao fato de que o milho disponível, com intenção de venda, por enquanto estar sendo somente suficiente para o mercado se abastecer. Ou seja, há muito milho, porém, quem o tem não está vendendo, fato que deve estender o período de preços baixos por mais tempo.
Dito isso, a colheita da safrinha 2023 chegou a 77% da área no Centro-Sul brasileiro no final da semana passada, contra a média de 85% para a data. Enquanto isso, a futura safra de verão, no Sul do país, chegou a 4,6% da área semeada na oportunidade, contra 1,8% no mesmo período do ano passado. Agora, o clima ganha ainda mais importância, especialmente no Rio Grande do Sul, Estado que tem sido assolado por constantes secas no verão.
Já o Imea apontou que a colheita da atual safrinha está encerrada no Mato Grosso, porém, como vínhamos destacando, a partir desta fonte, os preços recebidos estão longe de compensar os custos de produção locais. Assim, segundo o Instituto, o custo de produção variável, em julho/23, foi de R$ 3.368,08 por hectare para a safra 2023/24, o que representou recuo de 0,7% diante do registrado em junho/23. Com isso, o custo operacional efetivo (COE) ficou em R$ 4.588,18 por hectare, com queda de 0,74% ante junho/23. Todavia, o preço comercializado do milho, no Mato Grosso, se desvalorizou 0,89% em julho/23 e finalizou o mês com média de R$ 31,22/saco. Desta forma, para cobrir o COE, o produtor precisaria negociar seu cereal a, pelo menos, R$ 40,42/saco, ou seja, 22,8% acima do que o preço comercializado em julho/23. Portanto, como na maioria das regiões brasileiras, o milho está dando prejuízo neste ano, especialmente no Rio Grande do Sul onde houve perdas ao redor de 40% devido a seca.
Diante de tal situação, os produtores do Mato Grosso começam a cogitar substituir áreas de milho pelo algodão. Naquele Estado é esperado que grandes grupos produtores façam a substituição de uma cultura pela outra.
E no Paraná, segundo o Deral, a colheita da safrinha alcançou a 48% da área, sendo que 80% das lavouras estavam em boas condições, 18% em situação média e 2% ruins.
Já a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul) informou que 42% da área de milho safrinha havia sido colhido até o final da semana passada, ficando 50% abaixo do ritmo da safra anterior e 67% abaixo da média histórica para o Estado. Quanto às exportações, as mesmas melhoraram nesta semana, com o Brasil registrando embarques de 5,22 milhões de toneladas de milho nas três primeiras semanas de agosto, o que representa 70,2% dos embarques feitos em todo o mês de agosto do ano passado. Com isso, a média diária de embarques está 15,3% acima da média do mesmo mês do ano anterior. (cf. Secex) A Anec estima que o Brasil poderá exportar, em agosto, algo em torno de 9,4 milhões de toneladas de milho, ou seja, 36% acima do que foi exportado no mesmo mês de 2022. Caso este volume seja atingido, teremos um novo recorde para o mês de agosto.
Enfim, o governo brasileiro já comprou 30.600 toneladas de milho do Mato Grosso, nas primeiras aquisições para recompor estoques públicos neste ano, desde que o Ministério da Agricultura anunciou o programa de compras que projeta inicialmente 500.000 toneladas. O programa de compras de milho, para estoques públicos do Brasil, foi anunciado em junho, quando as cotações do cereal ficaram abaixo do preço mínimo em várias praças, diante da colheita de uma safra recorde no país.
A análise é da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA*
Fonte:
Por: AGROLINK -Seane Lennon
Publicado em 25/08/2023 às 09:02h.