O aumento da representatividade do varejo no Brasil
É matemático. Em 2004, o varejo e o comércio representavam 19% do PIB do País. Após o período de maior crescimento desses setores, em 2012, chegavam a 25%. Em 2020, apesar do quadro atípico daquele ano, representou 28%. Foram 9 pontos percentuais de crescimento em um período de 16 anos. E em 2018 e 2019, pré-pandemia, já havia sido de 27%.
Para efeito de comparação, nos Estados Unidos, o varejo representava 25% do PIB do país em 2004. Em 2012, coincidentemente, permaneciam os mesmos 25%, igual ao Brasil. Já em 2020, a participação do varejo norte-americano havia crescido para 27%.
O crescimento da participação do varejo no PIB registrado em 2020 no Brasil deverá se repetir em 2021 e foi influenciado pela retração do setor industrial, que tem perdido representatividade na economia brasileira por questões estruturais e, naquele ano, pelos efeitos perversos gerados pela pandemia. Mas, ao mesmo tempo, é importante lembrar o crescimento também estrutural da participação dos setores de serviços e, em especial, do agro.
Esses números foram lembrados na abertura do evento Retail Trends – Pós NRF para justificar a nossa proposta de olharmos com muita atenção, como temos feito nos últimos 28 anos, a realidade do setor nos Estados Unidos, ainda o maior varejo do mundo.
Mas, ao mesmo tempo, mostrarmos o que de melhor temos feito no Brasil com exemplos importantes de resiliência, inovação, transformação digital, profissionalização, formalização, internacionalização e desenvolvimento estratégico e que, como mostra a evolução de participação no PIB, tem avançado de forma surpreendente, apesar de todas as dificuldades existentes no lado econômico, tributário e burocrático.
Uma parte dessa evolução deve-se exatamente à atitude de seus líderes, de buscar a inspiração do que se faz de melhor no mundo, seja nos Estados Unidos, na Europa e Ásia, com ênfase na China, e, rapidamente, ajustar e adaptar para a realidade local, como aconteceu recentemente com os Ecossistemas de Negócios Made in Brazil.
O Retail Trends Interativo – Pós NRF, na semana passada, realizado em formato inovador em rede nacional fígital, foi exatamente uma celebração dessa evolução da representatividade, olhando e atualizando conceitos a partir do que é visto, discutido e debatido durante a NRF 2022.
Mas também – e principalmente – mostrando que alguns dos conceitos tidos como mais inovadores, como é o caso do metaverso, ecossistemas de negócios, preocupações com ESG, entre outros estão já implantados e operacionais no Brasil, gerando resultados que podem ser também considerados benchmarks para outros mercados.
Perto de 3.000 líderes desses setores de varejo e consumo no Brasil, presencial ou virtualmente, acompanharam o evento e passaram um dia discutindo novos conceitos, sua aplicabilidade e os resultados do que tem sido feito e, pasmem, muito pouco foi discutido sobre os entraves, os problemas, as dificuldades e as complexidades que envolvem as atividades empresariais no Brasil, em especial, nesses setores.
Essas dificuldades estão sempre presentes até porque não é possível esquecê-las nunca. A atitude de debater e discutir o presente e o futuro do setor de varejo foi um exercício quase catártico, comemorando e valorizando as conquistas dos líderes do setor e valorizando e compartilhando a experiência e os ensinamentos que são desenvolvidos em benefício do crescimento do próprio setor e do País.
E, sem dúvida, a participação de Luiza Helena Trajano, do Abilio Diniz, do ministro Fábio Faria e de Paulo Camargo, ao lado dos líderes de negócios da Gouvêa e especialistas convidados especiais, deu uma dimensão, realidade, atualidade e profundidade ao evento que permitiram essa visão comparativa.
Sem esquecer um segundo do compromisso com a evolução da sociedade, da economia, do emprego, da renda e da sustentabilidade no Brasil, foi gratificante e inspirador perceber como os líderes do varejo, reunidos nessa cadeia nacional fígital, se abriram para continuar atuando de forma integrada pela continuidade da evolução da representatividade do setor no País.
Para quem pôde participar, o evento renovou energias e positividade, elementos importantes neste momento de cenários tão desafiadores e decisivos à frente.
Nota: O Interactive Retail Trends – Pós NRF com uma análise completa do que foi visto, analisado e discutido durante a NRF 2022 e seus impactos no mercado brasileiro. Se quiser conhecer o que foi apresentado e discutido, poderá acessar pela plataforma GoGOU e adquirir pelo link.
Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da plataforma Mercado&Consumo.
Fonte:
Marcos Gouvêa de Souza
7 de fevereiro de 2022
no Artigos, Destaque do dia
https://mercadoeconsumo.com.br/2022/02/07/o-aumento-da-representatividade-do-varejo-no-brasil/